Biografia de Portinari – Vida e Obra
Confira a biografia completa de Portinari, tudo sobre sua vida e a lista completa de suas obras. Candido Portinari nasceu no dia 30 de dezembro de 1903, em uma fazenda de café perto de Brodowski, em São Paulo, segundo dos 12 filhos dos imigrantes italianos Baptista Portinari e Dominga Torquato.
Biografia completa de Portinari
Com uma infância pobre, só estudou o primário, mas sempre mostrou vocação para as artes, começando a pintar com apenas 9 anos de idade. Em 1918, um grupo de pintores e escultores italianos passa por seu pequeno povoado para decorar a igreja do lugar; Portinari se coloca prontamente como ajudante, sendo relatado como “doente para aprender a arte de pintor”.
No ano seguinte, aos 15 anos, Portinari se mudou para o Rio de Janeiro, onde se matriculou na Escola Nacional de Belas Artes. Na Escola, despertou o interesse dos professores e da imprensa, colecionava elogios – mas, ao mesmo tempo, começava a se interessar por um movimento até então marginalizado: o modernismo. O jovem pintor ganhou um concurso em 1928 que o levou para a Europa; antes de embarcar, fez sua primeira exposição individual no Palace Hotel, no Rio, com 25 retratos.
Foi para a Europa, escolhendo Paris como destino, mas passou todo o tempo pensando em sua terra, com vontade de retratá-la. Em 1930, participou da Exposition d’ArtBrésilien (Exposição de Arte Brasileira) e conheceu Maria Victoria Martinelli, uma jovem uruguaia de 19 anos – que seria sua companheira por toda a vida.
O casal voltou ao Brasil no ano seguinte, em 1931, trazendo consigo algumas pinturas – expostas junto à outras novas, pintadas em terras brasileiras, no Palace Hotel; nessa exposição, Portinari apresentou pela primeira vez suas telas com temáticas brasileiras. Em 1943, pintou “Os Despejados”, primeira obra com temática social. No mesmo ano, a tela “Mestiço“ foi adquirida pela Pinacoteca de São Paulo, sendo sua primeira obra incluída em um acervo do museu.
Com notoriedade da imprensa e do meio artístico, Portinari participou da Latin American Exhibition of Fine Arts (Mostra Latino-Americana de Arte), no Museu Riverside de Nova York em 1940. As obras chamaram a atenção de Alfred Barr, diretor geral do Museu de Arte Moderna de Nova Iorque (MoMA), que o convidou para expor seus trabalhos no museu, na exposição Portinari of Brazil (Portinari do Brasil), com aproximadamente 180 obras. No MoMA, Portinari conheceu “Guernica“, de Pablo Picasso, que influenciaria uma nova mudança de estilo do pintor.
A viagem à Europa serviu para aproximar Portinari do Brasil. Ao voltar, abandonou a estética tradicional ensinada na Escola de Belas Artes, passando a valorizar as cores e as ideias das pinturas ao invés das formas e volumes. Também abandonou aos poucos as telas a óleo, substituindo-as por murais e afrescos.
Foi contratado para lecionar pintura mural e de cavalete no Instituto de Artes da Universidade do Distrito Federal (na época no Rio de Janeiro, capital do governo) em 1935, onde trabalhou até 1939, quando o presidente Getúlio Vargas fechou a UDF, terminando assim a carreira de Portinari como professor. Ainda em 1939 nasceu seu filho, João Candido, e teve sua maior exposição realizada no Museu Nacional de Belas Artes, com 269 obras.
Durante a década de 40, Portinari teve suas obras expostas em Washington; no Museu Nacional de Belas Artes; na Galeria Charpentier, em Paris (quando ganhou a medalha de Legião de Honra do governo francês); em Montevidéu; e em Buenos Aires. Engajado nas causas sociais, se candidatou a deputado federal pelo PCB, mas perdeu por uma pequena margem de votos.
Após receber o convite para pintar dois painéis (Guerra e Paz) que decoram um dos salões da ONU, Portinari foi internado no Rio de Janeiro, após sofrer uma hemorragia intestinal, em 1953. Os exames mostravam uma intoxicação por metais pesados, como chumbo, cádmio e prata, encontrados em suas tintas.
Por ordens médicas, precisou se afastar de suas pinturas por um tempo – “Estou proibido de viver“, afirmou. Ainda assim, recebeu a Medalha de Ouro do International Fine ArtsCouncil – IFAC –, de Nova York, como o melhor pintor do ano em 1955. “Guerra e Paz” foram entregues em 1956, sendo antes expostos no Teatro Municipal do Rio de Janeiro pelo então presidente Juscelino Kubitschek. Apesar de ter pintado os painéis, Portinari não foi convidado para cerimônia oficial de entrega à ONU por seu envolvimento com o Partido Comunista.
Em 1957, foi inaugurada uma exposição individual do pintor na Maison de la Pensée Française, em Paris, patrocinada pela Embaixada do Brasil, sendo levada depois para Munique e Colônia, na Alemanha; no ano seguinte, Portinari inaugurou a Galleria del Libraio, em Bolonha, na Itália, sua primeira exposição na terra natal de seus pais. Pouco depois, foi intimado a depor no Departamento Federal de Segurança Pública por seu trabalho desenvolvido na Escola do Povo. Oscar Niemeyer, Arnaldo Estrela e Dalcídio Jurandir indiciaram-no.
Portinari viajou mais uma vez para a França em 1961, mas retornou por problemas de saúde, que se agravaram com o tempo. Contrariando ordens médicas, Portinari continuou viajando e passou muito pouco tempo sem pintar, e os materiais pesados contidos em suas tintas continuam a intoxica-lo. O pintor faleceu no dia 6 de fevereiro de 1962; em seu velório estavam presentes, entre outros, o ex-presidente Juscelino Kubitschek, Luis Carlos Prestes, Carlos Marighela e Carlos Lacerda. Foi decretado luto oficial por 3 dias no Rio de Janeiro.
Candido Portinari colocou o Brasil na tela. A história, a cultura, a alma do povo – e também as dores, a pobreza, a condição social de seu país foram retratadas com cores fortes, formas leves e obras extremamente expressivas. Lutou e amou sua terra da maneira que melhor fazia – através da arte, reconhecida e apreciada no mundo inteiro.
Obras de Portinari
Consideramos como as principais obras de Portinari;
- Guerra e Paz
- Meio ambiente
- Colhedores de café
- Mestiço
- Favelas
- O Lavrador de Café
- O sapateiro de Brodósqui
- Meninos e piões
- Lavadeiras
- Grupos de meninas brincando
- Menino com carneiro
- Cena rural
- A primeira missa no Brasil
- São Francisco de Assis
- Os Retirantes
Frases de Portinari
“O alvo da minha pintura é o sentimento. Para mim, a técnica é meramente um meio. Porém, um meio indispensável.”
“Quando comecei a pintar, senti que devia fazer minha gente (…) Depois desviaram-me e comecei a tatear e a pintar tudo de cor.”
“Aos homens honestos, aos brasileiros sinceros, aos patriotas de fato é que falo, para que analisem tal assunto com frieza.”
Curiosidades sobre Portinari
– O pintor é o segundo de doze irmãos. Seu apelido era Candinho.
– O artista só cursou o primário. Certa vez, quando ainda estava na escola, Portinari desenhou um leão em sala de aula. A obra foi tão comentada entre professores e alunos que ele foi obrigado a desenhar a capa de todas as provas que seriam expostas no final de ano.
– Aos 9 anos pintou o teto da igreja de sua cidade.
– O nome mais popular da arte brasileira criou cerca de 4.500 obras em 40 anos de trabalho.
– Pintou temas de denúncia social, mas também se dedicou a temas líricos. Só deixou de pintar por causa da intoxicação causada pelas tintas.
– Seus painéis para a igreja da Pampulha criaram uma batalha político-religiosa centrada no São Francisco pintado por Portinari, considerado extravagante e anti-religioso. A igreja foi inaugurada em 1945, mas ficou fechada durante 14 anos.
– Em 1956, Cândido Portinari pintou os murais Guerra e Paz para a sede da ONU, em Nova York.
– Ele foi o único artista brasileiro a participar da exposição 50 Anos de Arte Moderna, no Palais des Beaux Arts, em Bruxelas, em 1958.
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Fonte da imagem destacada: Arquivo de família/correiobraziliense