O Academicismo no Brasil Conheça o pouco de sua história
O Academicismo é um termo que, em expressões artísticas no que se trata de pintura, escultura, construção e demais artes que foram criadas de acordo com as normas e regras de uma determinada academia, isto é, o Academicismo. De maneira resumida, pode ser definido como o ensino padronizado da arte.
De uma forma geral, as academias eram entidades que concediam características oficiais aos princípios estéticos e de estilo de uma determinada época, procurando transmitir os conhecimentos e expressões artísticas de determinado movimento cultural que vigorava ou de acordo com as preferências pessoais do mestre ou artista responsável pela academia.
O conceito das academias de arte começou a surgir no final do Renascimento, pois antes dessa época as produções de arte eram feitas de maneira exclusiva pelos artesãos e pelos ateliês coletivos, as chamadas guildas.
No Brasil, o Academicismo ou Academismo foi o sistema de arte que predominou no país desde o início do século XIX até o início do século XX, que era alicerçado nos princípios artísticos das academias de arte que existiam na Europa na época.
Contexto histórico do Brasil antes do surgimento do Academicismo
Até o começo do século XIX, a arte era ensinada em nosso país de forma bastante informal, pois era realizada nas oficinas de arte, onde os artistas produziam as suas obras e ensinavam os seus discípulos.
O governo da época financiava uma escola de artes muito modesta, que era a Aula Régia de Desenho e Figura, que fora criada em 1800 na cidade do Rio de Janeiro e era comandada por Manuel Dias de Oliveira.
No entanto, quando se iniciou o século XIX, mais precisamente em 1808, a família real e toda a corte portuguesa vieram de mudança para o Brasil, e esse fato acabou gerando grandes mudanças no país, na área social, política, econômica e institucional, pois até aquela época, Portugal tratava o Brasil como uma colônia, apenas para realizar a exploração das riquezas naturais (tanto na área do extrativismo e na área agrária).
Com a vinda da família real e o governo português sendo realizado no Brasil, houve uma reorganização das instituições, criação de novas instituições, os serviços públicos foram reorganizados, etc.
Com essa modernização política, institucional e social, passou a crescer a necessidade do Brasil passar por uma atualização cultural, produzir arte conforme as correntes que se desenvolviam na Europa naquela época. No entanto, o nosso país tinha uma grande carência de profissionais para ensinar e atender a demanda existente e crescente, por profissionais que pudessem transmitir as técnicas nas mais diversas espécies de arte.
Com isso, os governantes enxergaram que a criação de uma academia de artes iria atender as necessidades artísticas e culturais do nosso país.
O surgimento do Academicismo no Brasil
O Academicismo surgiu no Brasil com a criação da Escola Real de Ciências, Artes e Ofícios, que foi criada pelo imperador Dom João VI no ano de 1816.
Essa escola de artes foi criada em nosso país graças ao estímulo da Missão Artística Francesa, que foi liderada por Joaquim Lebreton e procurou criar uma escola de artes iluminada com base na grande Academia Neoclássica Francesa.
Ela acabou evoluindo e se tornando a Academia Imperial de Belas Artes, devido ao patrocínio do imperador Dom Pedro II.
Esta escola de arte acabou sendo encerrada quando foi incorporada pela Escola Nacional de Belas Artes, de origem republicana e criada pela Universidade Federal do Rio de Janeiro, em 1931.
O Academicismo não pode ser considerado como um estilo cultural específico, pois na realidade o Academicismo ou Academismo (como também é denominado) é uma forma de ensino artístico de forma profissional. Fazendo uma comparação com os dias atuais, seria a mesma coisa que o ensino universitário, para a formação de artistas em um nível profissional ou superior aos que existiam naquela época.
No período em que o sistema do Academicismo foi instalado no Brasil, o movimento cultural que vigorava na Europa era o Neoclassicismo, que acabou sendo um estilo que funcionou como motor de difusão e propulsão para o desenvolvimento do Academicismo em nosso país.
O Academicismo absorveu as estéticas culturais românticas, realistas, simbolistas e de outros estilos culturais que vigoraram no século XIX e século XX, fazendo a retirada daquilo que não se enquadra nas formalidades de ensino do estilo e construção artística das academias e transmitindo o restante para as pessoas interessadas em se formar nas academias para a produção das mais variadas obras artísticas.
O Academicismo em nosso país estava ligado com o poder político que estava vigente naquela época, o que dava ao ensino das artes postura artística e filosófica, como também ligação e postura de atos políticos.
Os principais artistas do Academicismo Brasileiro
São considerados os principais artistas do período do Academicismo no Brasil os seguintes:
- Pedro Américo de Figueiredo e Melo – as suas obras (pinturas) abordavam temas históricos e bíblicos. Pintou retratos considerados imponentes, como, por exemplo, o de Dom Pedro II que faz parte do acervo encontrado no Museu Imperial de Petrópolis, situado no Rio de Janeiro. A sua obra mais famosa é – “O Grito do Ipiranga”;
- José Ferraz de Almeida Júnior – as suas obras procuravam expressar temas regionalistas, religiosos e históricos. Suas principais obras são: “Caipira Picando Fumo”, “O Violeiro” e “Leitura”. É considerado como o pintor nacional mais brasileiro que existiu no século XIX;
- Vitor Meireles de Lima – Os temas preferidos por este artista eram os retratos, os temas bíblicos e os temas históricos. As suas obras mais conhecidas são: “A Primeira Missa no Brasil” e “Moema”, retrato da personagem encontrada no poema Caramuru, de autoria de Santa Rita Durão;
A herança do Academicismo na Arte Brasileira
O Academicismo deixou uma grande herança no movimento cultural e artístico do nosso país, tanto que essa forma de ensino conseguiu sobreviver às inúmeras transformações que foram ocasionadas pelo surgimento do movimento cultural e artístico denominado de modernismo.
Em termos de ensinamento das técnicas, a grande herança do Academicismo no Brasil foi o fato de seguir os padrões de busca da beleza ideal, isto é, o artista não deve fazer a imitação da realidade, mas sim buscar a criação da beleza ideal nas suas obras. Esse fato se ligava muito ao Império vivido pelo Brasil naquela época e ao Nacionalismo após a proclamação da independência brasileira.
O Academicismo vigorou como técnica de ensino artístico em nosso país até o início do século XX, por isso quando vemos obras acadêmicas veremos que os temas que recordam a história e a mitologia, que eram temas comumente usados no neoclassicismo.